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A inflação nos EUA segue firme e forte para a tristeza do mercado. Em agosto, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) acumulou alta de 8,3% em 12 meses.
O resultado até veio abaixo do registrado no mês passado, de +8,5%, e bem melhor do que em junho, quando a inflação bateu recorde de 9,1%.
Porém, ainda assim, os números ficaram acima das projeções do mercado de +8%.
Para piorar, o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu de 5,9% para 6,3%. Isso indica que a alta nos preços é mais generalizada e persistente.
Desse modo, confira porque isso pode prejudicar o bolso dos brasileiros.
Como fica o câmbio com a inflação alta nos EUA?
Economistas explicam que a primeira influência é no câmbio.
Logo após a divulgação dos dados, o dólar à vista operou em forte alta, com a moeda subindo mais de 2%, a R$ 5,20.
Além de levar a uma desvalorização das moedas emergentes, o dólar alto é sentido nas importações e exportações.
A cadeia de produção brasileira depende de matérias-primas importadas. Com o câmbio fortalecido, esses insumos ficam mais caros e o valor é repassado para o consumidor.
Além disso, as indústrias dão preferência em exportar os seus produtos a vendê-los localmente. Isso reduz a oferta de produtos no país e eleva os seus preços.
Logo, esses dois fatores fazem com que o combate à inflação brasileira fique mais difícil.
Atualmente, a inflação no Brasil acumula alta anual de 8,73% e o Banco Central já avalia a possibilidade de encerrar o ciclo de aperto da Selic.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decide se mantém a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ou se promove uma alta residual de 0,25 ponto percentual (p.p.).
Juros em dólar
Outra questão é que a persistência da inflação americana abre o questionamento de até onde o Federal Reserve deve elevar a taxa de juros.
A probabilidade de o Fed promover uma alta de 1 p.p. na reunião de setembro entrou no radar do mercado após dados de inflação – apesar de a maioria ainda apostar em 0,75 p.p. E o ciclo de aperto não acaba por aí: são previstas novas altas em novembro e dezembro.
O mercado saiu daquela taxa terminal projetada em algo abaixo de 4% ao ano, que seria atingido no começo do ano que vem, para um patamar mais próximo de 4,25% e 4,50%.
Acontece que a alta de juros lá nos EUA, afasta os investidores estrangeiros dos ativos brasileiros.
A tendência é que o mercado se volte para mercados mais protegidos e que oferecem mais retorno – os juros altos elevam os ganhos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, e os investidores viram as costas para os investimentos de países emergentes.